Apesar da escuridão daquele bar rústico e aquele clima tenso típico dos melhores bares, consegui enxergar aquele olhar direcionado ao meu.
Fingi não reparar como sempre, e continuava ouvindo atentamente aquele blues, ja passavam das 02 da madrugada, e a essa altura as cervejas e tequilas já tinham marcado presença.
Por distração misturada com intenção, deixei me envolver pela música... balançava o pescoço fazendo com que meu cabelo escondesse meu rosto e lentamente inclinava para descobri-lo e procurar aquele olhar pacientemente.
Estava dançando sentada no balcão, quando fui interrompida pelo garçom que me serviu mojito, e antes mesmo que eu perguntasse algo, aquele homem se aproximou fazendo com que entendesse e aceitasse tal gentileza.
Mojito, tequila, cigarro, música, boa conversa e muita risada...até que recebi contente o convite para dançar.
Dancei como nunca aquela noite, como jamais tinha me permitido, dancei até não aguentar mais..quando fui interrompida por uma mão na nuca que me segurou forte, fazendo com que virasse meu rosto e parasse naquele olhar.
A essa altura, o frio na barriga e a perna bamba foram as únicas sensações que consegui entender.
A mão na nuca deslizou lentamente até meu rosto...seus lábios se aproximando dos meus e como quem ia me beijar, apenas me sentiu..
Fiquei desconcertada com o beijo que tanto queria mas não recebi, e pedi licença pra ir ao banheiro, antes que lhe implorasse um beijo.
Olhei no espelho estava pálida com olhos vermelhos, respirei fundo, ri da situação e voltei ao balcão.
Esperei, procurando aquele homem por 10 minutos, quando já impaciente perguntei ao garçom que me trouxe a bebida, se tinha visto o homem com quem dancei a noite inteira.
E ele assustado e com um ar de deboche, sorriu e me disse:
- Dançou o tempo inteiro sozinha, em nenhum momento dançou ou conversou com alguém nesse lugar.