22 de set. de 2011

Loucura Sonho ou Delírio!?

Apesar da escuridão daquele bar rústico e aquele clima tenso típico dos melhores bares, consegui enxergar aquele olhar direcionado ao meu.
Fingi não reparar como sempre, e continuava ouvindo atentamente aquele blues, ja passavam das 02 da madrugada, e a essa altura as cervejas e tequilas já tinham marcado presença.
Por distração misturada com intenção, deixei me envolver pela música... balançava o pescoço fazendo com que meu cabelo escondesse meu rosto e lentamente inclinava para descobri-lo e procurar aquele olhar pacientemente.
Estava dançando sentada no balcão, quando fui interrompida pelo garçom que me  serviu  mojito, e antes mesmo que eu perguntasse algo, aquele homem se aproximou fazendo com que entendesse e aceitasse tal gentileza.
Mojito, tequila, cigarro, música, boa conversa e muita risada...até que recebi contente o convite para dançar.
Dancei como nunca aquela noite, como jamais tinha me permitido, dancei até não aguentar mais..quando fui interrompida por uma mão na nuca que me segurou forte, fazendo com que virasse meu rosto e parasse naquele olhar.
A essa altura, o frio na barriga e a perna bamba foram as únicas sensações que consegui entender.
A mão na nuca deslizou lentamente até meu rosto...seus lábios se aproximando dos meus e como quem ia me beijar, apenas me sentiu..
Fiquei desconcertada com o beijo que tanto queria mas não recebi, e pedi licença pra ir ao banheiro, antes que lhe implorasse um beijo.
Olhei no espelho estava pálida com olhos vermelhos, respirei fundo, ri da situação e voltei ao balcão.
Esperei, procurando aquele homem por 10 minutos, quando já impaciente perguntei ao garçom que me trouxe a bebida, se tinha visto o homem com quem dancei a noite inteira.
E ele assustado e com um ar de deboche, sorriu e me disse:
- Dançou o tempo inteiro sozinha, em nenhum momento dançou ou conversou com alguém nesse lugar.

21 de set. de 2011

Lindos lábios!

Lavínia com camisola de seda, estava imóvel deitada na cama em seu luxuoso quarto de tapete vermelho.
Ernani em pé com o olhar de ódio e amor eterno, falava sem parar e irritado pedia respostas.
Ela não movia os lábios só lhe olhava com súplica.
- Como pode tanta beleza em um único ser, a beleza insite em não lhe deixar nem com o tempo. Como ainda suporta estar ao meu lado?
Lavínia continuava imóvel e apenas acompanhava com o olhar, a aflição de Ernani que andava no quarto de um lado para o outro.
- Eu vi Lavínia, eu sempre soube, nas primeiras vezes doeu...mas depois acostumei. Desespero eu sentia ao imaginar você longe, preferia te ver em outros braços e me confortava ao saber que voltaria aos meus.
Em algum momento me amou?
Lavínia continuava sem pronunciar uma palavra, apenas olhava.
- De alguma forma tirei meu proveito, era muito bom me vingar com suas amigas, suas primas e por último sua irmã...se não fosse por você, não teria me deitado com tantas mulheres. Você sabia de tudo não?... dissimulada e cínica era capaz de perguntar a elas os detalhes, se sentia menos pior com isso?
Lavínia tinha a respiração cada vez mais ofegante.
- Sinto tanto ódio por tudo, tanta raiva de você, planejei tudo isso... e estranhamente ainda te amo.
- Tô com muita sede... preciso de água. - Suplicou Lavínia.
Ernani se limitou a olhar friamente o desespero de sua amada, sem nenhuma comoção, apenas olhou e gargalhou, deliciava com a sensação de exercer o comando que sempre almejava e agora conseguiu sobre  aquela vida. 
Lavínia suspirou profundamente e com a língua tentava molhar os lábios numa tentativa inútil de matar sua sede, até que sentiu o gosto salgado de suas duas únicas lágrimas... e com o olhar fixo em Ernani, antes de fechá-los, susurrou:
- Eu sempre te amei.
A noite fria, cinza e turva, gradativamente se tornava vermelha, pelo sangue que tingia o felpudo tapete e todo o quarto, e pelas luzes da sirene que acabara de chegar.


14 de set. de 2011

Homenagem tardia...

Lembro-me que mudava a estação de rádio, quando me deparei com aquela voz...
Algo nostálgico, rústico, de tão bom chegava a ser antiquado.
Fiquei fascinada com a voz e a melodia daquela música: retrô, bom, black,  instigante.
Quando descobri o nome da música fui logo acessar vídeos para absorver mais de tudo aquilo tão raro. Ao reparar naquela figura e naquela voz pasmei  e imaginei: não é possível que essa voz ta saindo daí.
Bom, desde então a Amy Winhehouse nunca mais passou desapercebida, seja pelo seu talento ou pela sua vida conturbada.
O fato é que quando ouvi aquela mulher cantando ao vivo, foi como se algo me hipnotizasse. Não dava pra ficar indiferente com o que ela transmitia além da voz...
Amy sentia demais, tudo tinha que ser demais...a intensidade talvez seja nosso ponto em comum, e um dos motivos da minha atenção com a talentosa tragédia anunciada.
Completaria aniversário hoje, se estivesse entre nós...penso que seria mais um dia bohemio, escuro, auto-destrutivo para a felicidade da mídia...
Lembro de ouvir a arena morumbi gritar e aplaudir toda vez que Amy virava seu copo e mexia no nariz, e depois o silêncio desses fãs, e de todos quando sua morte foi anunciada.
Em sua última aparição em público parecia uma criança indefesa e perdida, de olhar distante, de gestos bizarros, desiquilibrada, deprimente e de voz desobediente, não que isso era incomum, mas tinha um pedido de socorro no olhar, ou era um foda-se? Enfim...
Ela se foi como os grandes, como os bons, exatamente igual. Foi um ícone pra minha geração e que tive o prazer de ouvir e ver, e o desprazer de ver partir. Como estamos carentes de artistas originais no mundo.
O talento que Amy deixou jamais será ofuscado pela tragédia que fez da sua vida. Ela fez só o quis, pagou o preço, mas penso que faria tudo denovo.

Amy era alma... e como perdeu sua alma, não conseguiria mais ficar aqui.
Hoje numa singela homenagem, brindarei com vodka.

9 de set. de 2011

Faltam 8 dias...

Como eu gosto...
Gosto dessa sensação de reencontro, e como contribuiu pra isso, invade o introspectivo.
Pode ser que gosto também até dos seus defeitos...
A intensidade do meu gostar é que me intriga, aliás o que não me intriga quando inclui você?!
Desejo é algo fácil de sentir, mas sonho não é facil de despertar. O fato é que me faz sonhar,
mas não digo um sonho ingênuo e utópico, e sim algo digno de anseio em ao menos experimentar.
É como se com você  tudo fosse válido, e o discernimento sobre o que fazer ou não,
não mais me tortura com regras e enquadramentos...
Falando nisso, ainda não consigo te rotular!
O desassossego, a agonia, a saudade...
O olhar, o abraço, o beijo...leve e profundo como se beijar não bastasse, com toda a calma e intensidade consegue me desligar até que me sinto de alma beijada.
Seu jeito, as mentiras sinceras que não existem, as farpas, a tentativa de fuga,
Como eu gosto...
E quando me bagunça, começando pelo meu cabelo, e me diz com o olhar, até que seus lábios obedientemente pronunciam "minha pequena"...
Gosto e aceito até quando você simplifica com a frase "isso deve significar algo".
Com você sou eu, o eu adormecido... e como me divirto com tudo isso.
O Raul nos meus sonhos...será mesmo nosso luar, surpreendente.
A bandeira do Brasil invertida, os livros no caminho, as frases coladas, a violeta no bar, o violão, a cerveja, o cigarro, a bohemia, a praça, o Egito, a contradição, o sonho que se ergue...
Estou a ponto de concordar com você, e pedir pra usar sua capacidade de inventar...posso argumentar que independentemente do que vier a ser, será mais fácil, basta desinventar. Convence?...
Descobri que é bem difícil te ver e não te tocar... chega apertar...
E me cativa com a liberdade nova, reinventada naquela linda quinta-feira, dia 28 de julho.
Sinto sua falta, mas sinto mais ainda sua presença. Quando estamos juntos, é continuação... adoro a sensação de que vai transbordar, mas não transborda.
Presidiária na anarquia...é como me sinto...quando vou, o que mais quero é você ali quando volto. A propósito, hoje acordei te procurando do meu lado direito.
E se a racionalidade insitir em ocupar o espaço que não mais a pertence, digo a você:
É Primavera!!!